terça-feira, 29 de março de 2016

O que é realidade?

      O que é realidade para você? O que você está vendo agora de forma sóbria? Sem efeito de drogas ou remédios? Mas o que garante que o que você está vendo, está mesmo na sua frente do jeito que você está vendo? Aí você me diz, se as pessoas ao meu lado estão vendo o que estou vendo do mesmo jeito que estou vendo, então é real! Sim, você está adotando outros seres humanos, mas e animais? Eles vêm como a gente? Tubarões brancos enxergam igual a gente, cores e formatos. Gatos enxergam formatos como a gente, mas só enxergam preto e branco. Cobras só enxergam coisas através do calor que emitem, semelhantemente a uma câmera térmica. Tubarões martelo enxergam o mundo à sua volta através de sinais elétricos, difícil imaginar como é o mundo para eles. Aí eu pergunto: qual destas criaturas está vendo a realidade? Talvez você fique tendencioso a responder que é o homem. 
      Porém, o homem é um ser vivo assim como vários outros. Tem sangue, coração, cérebro, olhos, pele, come, respira, caga, mija e morre como muitos outros seres vivos. Claro que cada um à sua maneira, mas na essência todos o fazem.
       Até mesmo entre humanos ocorre diferenças entre o que cada um vê. O vermelho que eu enxergo não é o mesmo vermelho que tu enxergas. Nossos olhos, ou melhor, os bastonetes e cones que hão em nossa retina, apresentam ligeiras diferenças estruturais que causam diferenças ínfimas nas cores que vemos. Me refiro a intensidade da cor. E mais, dada a experiência de vida, cultura, religião, sexo e quantidade de conhecimento que cada pessoa tem, um mesmo objeto visto, somado a tais variáveis, passa a ter um significado diferente, o que gera uma realidade diferente. Por exemplo: quando você olha um carro, lhe vem a mente a palavra utilidade, conforto, redução de tempo no transporte, facilidade ao fazer compras ou uma viagem; já outra pessoa, olhando para o mesmo carro, pode pensar em azaração, pega mulher, ir para um monte de festa e etc; já outra pessoa pode pensar em trânsito, stress, poluição que o carro provoca, enfim, algo que só traria aborrecimentos. Cada situação dessa é uma realidade ligeiramente diferente uma da outra por conta do significado de cada objeto para cada pessoa.
    Como podemos ver, por conta de diferentes variáveis envolvidas, a realidade de cada pessoa, apresenta pequenas diferenças e entre animais as diferenças podem se acentuar. Em todos eles, o mundo que se enxerga, é feito de informação de segunda mão: os estímulos físicos à nossa volta, estimulam nossos sentidos (principalmente os olhos, naqueles que os têm), que geram sinais eletroquímicos que viajam pelos nervos até o cérebro onde é processado com informações antigas e gera a realidade que vemos ou  imaginamos, ou seja, o mundo que pensamos ser real, só existe dentro da nossa cabeça.
     Não tô dizendo que  quando você olha para uma cadeira, ela não está lá, pois ela está lá. O que estou dizendo é que não há garantia que ela seja do jeito que está vendo, com a cor, formato e a distância que está vendo. Mas aí você diz: se eu a ver com certa altura e tentar sentar nela considerando a altura que estou vendo, eu consigo sentar sem problema. O que é verdade. Mesmo a realidade não sendo igual para todo mundo, o que vemos permite que possamos interagir com o mundo a nossa volta sem esbarrar nas coisas e sem cometer erros perceptíveis.
     De fato, mesmo o mundo visto existindo apenas dentro da nossa cabeça, conseguimos viver nele tranquilamente. Então tudo isso que eu falei é conversa inútil? Não. É só uma proposta para refletirmos que mesmo que tudo esteja tranquilo, ele não é verdade, não é real, é só para te conscientizar do que acontece à sua volta para não se iludir.

 











(Pintura de Oleg Shuplyak)

segunda-feira, 14 de março de 2016

Ciclo da fênix

     Fênix é um pássaro mitológico que ao ser queimado renasce das cinzas ainda mais vigoroso. Sempre repete este processo quando percebe que está perto de morrer.
       Assim como a fênix, nós humanos também realizamos este processo de tempos em tempos, isto é, nascemos e morremos várias vezes. É apenas uma maneira de interpretar, vamos lá!
       Quando você vence um desafio, aprende uma coisa nova ou passa a entender algo de uma forma diferente, você acabou de morrer e nascer de novo. Como? Aquele seu EU que não sabia deste conhecimento novo, que não tinha capacidade de vencer o desafio ou entendia as coisas de uma forma diferente, acabou de MORRER e acabou  de NASCER aquele seu EU com mais capacidade, com um novo conhecimento e que passa a compreender algo de uma forma totalmente nova, morreu e nasceu, como a fênix.
        Talvez você pense que não seja assim, mas lembre do momento em que venceu um desafio, por exemplo, lembre como era você antes de vencer o desafio, como se sentia, como os outros te olhavam, como era o mundo a sua volta. Agora compare com a situação após o desafio, como se sentiu, como os outros passaram a te olhar, como o mundo lhe passou a parecer. É disso que tô falando!
         Mesmo que não percebamos, passamos por esse ciclo diversas vezes ao longo da nossa vida, só lembrar das situações que se encaixam perfeitamente com o que é necessário para "matar" seu EU antigo. O nosso amadurecimento ocorre usando isso, nos fazendo viver mais sabiamente, com menos sofrimento e com maior destreza. Então, está a fim de morrer de novo?

quinta-feira, 10 de março de 2016

Opostos lado a lado

      Tudo que é vivo, um dia morre, tudo que tem alegria, tem seus momentos de tristeza e tudo que tem luz também tem escuridão, mesmo que não aparente. Para onde você olhar, não estando dentro do que observa, verá que todas as coisas, vivas ou não, possuem elementos opostos que ocorrem em momentos diferentes. 
      Muitas pessoas têm o hábito de apenas enxergar ou procurar enxergar a parte boa da vida ou realidade desconsiderando a parte ruim, como se pudesse separá-la como gado. Porém, a coisa boa que tanto gostamos precisa da ruim, pois uma defina a outra, uma existencializa a outra de uma forma que a ausência de uma, confunde o conceito da outra. Por exemplo, alegria, o que é alegria? Sorrir, estar bem, não ter sentimentos e pensamentos ruins. Opa! Já falei em coisa ruim, né? E mais! Se tem quem sorri, tem quem não sorri, se tem quem não sorri, provavelmente tem quem chora, quem berra e sofre. Para conhecer o que você deve buscar, tu deves saber do que deve se afastar.
            Uma vez, meu tio e padrinho Tarcísio falou que, geralmente, pobre que ficou rico, não tem medo de ficar pobre de novo, pois já sabe como é a pobreza. Já uma pessoa que já nasceu na riqueza, tem esse medo, pois não sabe o que é pobreza! Devemos aceitar, conhecer, sentir um pouco os dois lados da moeda de tudo que existe, não digo que você deve sempre ficar triste ou sempre sentir dor, enfim, sempre se expor a coisas ruins. Digo que quando sentí-las, não pense que é o fim do mundo. Procure aprender com o momento de dificuldade, o que te trouxe a ele? O que tu pode fazer para sair dele? Essas reflexões lhe passarão um novo aprendizado, pois quando você faz as coisas do jeito certo, tu nem analisa calmamente o que fez, mas quando erra, sim. O erro é um momento de aprendizado!
        Temos que aceitar que a natureza é assim, não me refiro a natureza humana! Caso contrário, entraremos em meros conflitos conceituais que podem nos fazer sofrer desnecessariamente por nossa própria causa. E sofrer não costuma ser uma coisa boa, né?